MARIA
DA FÉ


   BREVE HISTÓRICO DA OLIVICULTURA NO BRASIL E EM MINAS GERAIS

Chegada da Oliveira ao Brasil


A oliveira foi introduzida no Brasil pelos portugueses por volta de 1800 em vários Estados.
Naquela época elas eram plantadas nas proximidades das igrejas. Seus ramos eram utilizados nas festividades religiosas, principalmente na Semana Santa, para celebrar o Domingo de Ramos.
O azeite, além de ser utilizado na alimentação, era utilizado como combustível na iluminação das antigas lamparinas.

Nesta época, no entorno da cidade de São Paulo e em outras cidades houveram olivais relativamente grandes e muito produtivos.
Devido a esse sucesso na adaptação da olivicultura no Brasil, alguns autores contam que todos os olivais foram cortados por ordem real. Portugal não queria que seus produtos sofressem concorrência no Brasil.

Retomada da oliveira no Brasil:
Chegada a Maria da Fé


A história da introdução da oliveira na região dos Contrafortes da Mantiqueira teve início em 1935, através de uma família de imigrantes portugueses. O senhor Emídio Ferreira dos Santos, nascido em Portugal, imigrou-se para o Brasil em 1933, para trabalhar no Rio de Janeiro e obter recursos financeiros para voltar a Portugal.

Em 1935 o senhor Emídio foi convidado a administrar uma Fazenda em Maria da Fé. Após conhecer a Fazenda, Emídio gostou muito do lugar e pediu que sua esposa, Maria da Conceição Ferreira Teles, se mudasse com seus filhos para o Brasil.

Após muita insistência do marido, a senhora Maria da Conceição resolveu se mudar para Maria da Fé. A pedido de Emídio ela trouxe nas bagagens diversas mudas e sementes e entre elas, as oliveiras.

O início das pesquisas

Por volta da década de 1940, o engenheiro agrônomo Washington Alvarenga Viglioni foi gerente da Subestação Experimental de Maria da Fé, popularmente conhecida como Campo de Sementes. A fazenda realizava pesquisas com fruticultura e olericultura.

O senhor Washington era amigo do português Sr. Emídio. Através desta amizade o senhor Washington conseguiu com o senhor Emídio as primeiras mudas de oliveiras que foram plantadas na fazenda experimental para iniciar os primeiros trabalhos de pesquisa com a oliveira.

Alguns anos se passaram e, em 1974, foi criada no estado a EPAMIG (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais). E em 1975, a EPAMIG passou a conduzir a Subestação Experimental de Maria da Fé, hoje denominada Campo Experimental de Maria da Fé. Ao longo das últimas décadas a unidade estuda a viabilidade do cultivo de oliveiras na região sul de Minas Gerais, sendo pioneira no Brasil na realização das pesquisas com a olivicultura.

O marco histórico da primeira extração nacional do azeite de oliva extra virgem.

Em 29 de fevereiro de 2008, o Campo Experimental da EPAMIG em Maria da Fé, teve o marco histórico da extração do primeiro azeite de oliva extra virgem brasileiro, com aproximadamente 40 litros de azeite produzidos.

Olivicultura em números.

Hoje os plantios de oliveiras na região Sudeste, além dos Contrafortes da Serra da Mantiqueira, entre MG, SP e RJ, abrangem também a região serrana do Espírito Santo. Estimamos que existam cerca de 200 produtores, distribuídos em mais de 80 municípios.

A safra recorde na região da Serra da Mantiqueira foi no ano de 2018, quando foram produzidos cerca de80 mil litros de azeite. No mesmo ano a região serrana do Espírito Santo extraiu o primeiro azeite de azeitonas capixabas, com uma produção de 15 litros.

Em 2022 estima-se que a área plantada esteja próxima de 3000 hectares, sendo cerca de 1,2 milhões de plantas. Também já existem cerca de 80 marcas de azeites produzidos na região. Essas informações foram estimadas pela EPAMIG e pela Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (ASSOOLIVE). Atualmente na região da Serra da Mantiqueira existem 29 agroindústrias de extração do azeite, destas, 4 estão em Maria da Fé.

De toda a produção, a maior parte está em Minas Gerais, cerca de 60%. Em 2019 houve uma queda de safra e uma das hipóteses é que deva ter sido causada por condições climáticas desfavoráveis à cultura. A produção na região sudeste foi de aproximadamente 20 mil litros em 2019. Em 2020 a produção voltou a subir e estima-se que foram produzidos neste ano cerca de 50 mil litros de azeite.

Para 2021 estima-se que a produção tenha sido semelhante a 2020, com 50 mil litros de azeite. Para a safra de 2022 a expectativa é que supere a produção de 2021, podendo também superar o recorde de produção de 2018. Tivemos um ano favorável com relação as horas de frio que ocorreram durante o inverno, condição importante para a indução do florescimento nas oliveiras.

Alguns dos municípios de Minas Gerais que se destacam na produção de azeite são: Maria da Fé, Aiuruoca, Poços de Caldas, Gonçalves, Delfim Moreira, Andrelândia, Itanhandu, Monte Verde e Baependi.

Estima-se que na região sudeste a olivicultura gera cerca de 400 empregos diretos e cerca de 2000 empregos indiretos.

Objetivo da Epamig

O principal objetivo da Epamig é fomentar a atividade, desenvolvendo tecnologias que vão desde a produção de mudas até o processamento das azeitonas para a extração do azeite, bem como análises da qualidade dos azeites produzidos, buscando sempre desenvolver tecnologias para o produtor rural e produtos de boa qualidade para a sociedade em geral.

 

Além dos trabalhos com a cultura da oliveira, o Campo Experimental de Maria da Fé também desenvolve pesquisas com outras frutíferas.

Benefícios do azeite de oliva para a saúde humana

– Possui ácidos graxos essenciais, que além de grande valor energético, têm ação farmacológica, participando de reações inflamatórias e na resistência imunológica.
– Possui antioxidantes, que são substâncias que podem prevenir, proteger ou reduzir a ação dos radicais livres.
– Possui grandes quantidades de ácido oleico e linoleico que previnem contra doenças cardiovasculares. Diminuem o nível de LDL-col (colesterol ruim) e aumentam o HDL-col, conhecido como colesterol bom.
– Possui vitamina E, a qual tem ação antioxidante.
– Possui fenóis simples e polifenóis, componentes responsáveis pelo sabor, que em estudos recentes têm demonstrado benefícios à saúde, como a redução de doenças cardiovasculares.
– Estudos já demonstram que o azeite de oliva melhora a pressão arterial.
– O azeite diminui a glicemia, o colesterol ruim, o triglicérides e a resistência à insulina, pela ação dos ácidos ômega 6 e ômega 9.
– No aparelho digestivo o azeite de oliva melhora a absorção dos nutrientes e tem efeito laxativo suave. Estimula a liberação do suco pancreático, melhorando a digestão.
– Estudos já demonstram também que o azeite de oliva possui benefícios em tratamentos de diabetes e de obesidade.
– Possui benefícios na nutrição materna, antes e durante a gestação, sendo importante no desenvolvimento do feto, na saúde do recém-nascido e na capacidade da mãe para a amamentação.
– Atua no envelhecimento, melhorando a qualidade e a longevidade da vida.
– Muitos estudos já indicam que o azeite pode atuar na prevenção do câncer e outras doenças degenerativas.
– De forma discreta, o azeite de oliva atua no sistema imunológico, contribuindo para a melhora do bem-estar e equilíbrio metabólico.

James Adams – Developer

Qualidade do azeite produzido no Brasil em relação aos importados

Nós conseguimos colher as azeitonas, extrair e engarrafar o azeite e colocá-lo à disposição dos consumidores em um período muito curto de tempo. O produto chega novo a mesa desses consumidores. E quanto mais novo, mais expressivas são as características de aroma e sabor, além das propriedades que são benéficas a saúde. O ideal é consumir o azeite no primeiro ano em que ele é produzido. Os azeitólogos dizem que o melhor azeite é aquele que é consumido no local mais próximo de onde ele foi produzido.

Outro dado interessante é que a data onde mais se consome azeite no mundo é na Semana Santa, e, nesta data, onde se tem o azeite mais novo é no Brasil. Nossas colheitas se concentram em fevereiro e março, e na Semana Santa teremos um azeite recém extraído à disposição do consumidor.

Efeitos do aquecimento no consumo do azeite


A forma mais comum de uso do azeite de oliva é a crua, sobre saladas, torradas e outros alimentos. Nesse caso, como não há qualquer tipo de processamento que possa causar algum tipo de degradação, todos os seus constituintes são ingeridos sem qualquer alteração.

O aquecimento intenso e prolongado do azeite pode levar a degradação de alguns componentes, resultando em alterações organolépticas (cor, sabor e textura) e perdas nutricionais no óleo e no alimento processado. Essas alterações dependem das condições do processo culinário (temperatura e tempo) e do tipo de produto a ser processado, além do número de vezes em que o óleo é utilizado, como no caso da fritura.

Dicas de uso

O azeite de oliva destaca-se pela sua versatilidade, podendo ser utilizado diretamente em saladas, peixes, carnes, sopas, pães, queijos, salgados, em molhos e até mesmo no preparo de doces, principalmente porque o azeite de oliva dá sabor, aroma e cor, melhora a textura, transmite o calor, personaliza e dá identidade ao prato.
Cultivares nacionais: oliveiras desenvolvidas pela EPAMIG em Maria da Fé

Grappolo 541 (MGS GRAP541), Grappolo 561 (MGS GRAP561), Grappolo 556 (MGS GRAP556), Maria da Fé (MGS MARIENSE), Ascolano 315 (MGS ASC315), Ascolano 322 (MGS ASC322), Mission 293 (MGS MIS293) e Clone 113 (MGS NEBLINA) são cultivares de oliveiras que foramdesenvolvidas pela EPAMIG, em Maria da Fé, através de trabalhos de melhoramento genético a partir de populações segregantes obtidas de cruzamentos espontâneos das cultivares originais de diferentes locais do mundo. Essas 8 cultivares melhoradas são, portanto, cultivares nacionais, protegidas pela EPAMIG. A cultivar MGS Mariense, popularmente conhecida como Maria da Fé, se originou daquelas primeiras mudas que vieram de Portugal com a família do senhor Emídio e, portanto, foi protegida com este nome em homenagem ao município.